terça-feira, 19 de outubro de 2010

Cantares: "regra de fé e prática"

O título deste post é, certamente, provocativo. Talvez até abusivo. Mas não o trocarei.

Por quê?

Porque quando a Bíblia diz pra gente que amar é bom, que gozar é bom, que viver é bom - ela tem de ser mesmo a regra da fé e a regra da prática. O problema é que a gente escolhe mal os textos que servirão de regra ...

Mas há outro problema também. A metáfora da "regra" é muito restritiva, excessivamente diretiva. Como usá-la? Desconstrutivamente. Imaginando uma regra que não seja regra, a regra-não-regrada-nem-regradora da fé e da prática. Uma regra-desregrada, diferida derrideanamente - entendida como mera e pálida lei que sonha em ser justiça.

Cantares é regra nesse sentido desconstruído. O amor é para ser praticado segundo a regra - a regra de não-ter-regra, a regra de se deixar surpreender e conduzir pelo amor que está aquém da regra, sob a regra, anterior à regra. O amor cuja regra-desregrada é I Coríntios 13 - tudo pode, tudo espera, tudo crê, tudo suporta ...

Uma regra que desregra as técnicas e as performances "sexuais" dos especialistas em transa, sexo, orgasmo & Cia. Ltda. Uma regra que desregra as interdições, tabus e mandamentos dos especialistas, pseudo-derrideanos, em diferir (sic!) a prática do ato sexual e aprisioná-la ao sagrado-matrimônio-legitimado-pelo-cartório-não-tão-sagrado-assim.

Ou, como poderia ter dito Paulo, "contra estas coisas, não há regra!"

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