sexta-feira, 16 de abril de 2010

"De noite na cama, eu fico pensando ... se você me ama e quando"

O Paulo, de um jeito bonito, descreveu o que, com Peirce, de um jeito não tão bonito, se chamou de "semiose infinita". Ler é uma aventura interminável, uma "história sem fim". E é infinita por que a leitura é uma questão de amor. Uma velha canção de Caetano começava assim "de noite na cama ...". Outra canção, não tão velha, do mesmo Caetano, assim também falava dos livros: "Os livros são objetos transcendentes - Mas podemos amá-los do amor táctil - Que votamos aos maços de cigarro - Domá-los, cultivá-los em aquários, - Em estantes, gaiolas, em fogueiras - Ou lançá-los pra fora das janelas - (Talvez isso nos livre de lançarmo-nos) - Ou ­ o que é muito pior ­ por odiarmo-los - Podemos simplesmente escrever um...". Só lemos mesmo pra valer os "livros" que nos transcendem e nos fazem transcender, os livros que nos acendem e incendeiam, os livros que amamos e nos amam.
Por isso, ler é algo que fazemos não só com os olhos, mas com o corpo todo, o tempo todo, em todo o tempo. Tá certo, Paulo. Mas, já que você provocou, não é a privada um dos melhores lugares para se ler? Privada, privação, privativa. Lá onde a gente não pode se esquecer do que a gente é, a leitura rende... Ou não? Ou é a Biblia Hebraica Stuttgartensia tão sagrada que não podemos levá-la ao banheiro?

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