terça-feira, 6 de abril de 2010

Da fronteira... um terceiro olhar

O olhar sempre muda, pois sempre temos novos ângulos, nova luz, tudo isso tranformando o cenários e as imagens. Mas também posso dizer que meu olhar atual sobre a Bíblia e sobre o mundo não só está mudando, como também está passado por rupturas. Um dia creio que entenderei as rupturas como um enredo de um conto. A primeira leitura piedosa e curiosa, a segunda insegura e fundamentalista (adolescente, à procura de verdades), depois uma mais existencialista...
Ao dizer que hoje passo por mais uma ruptura não quero dizer que superei as demais ou que as desprezo. O tempo me faz acolher carinhosamente as leituras que fiz, como parte de mim mesmo. Já busquei mais Bíblia, mais história, mais relações sociais. Hoje me vejo assumindo um papel de leitor da Bíblia de fronteira. Ela só pode significar algo (para mim?) como intertexto de outras literaturas. Se os textos não se misturarem, não se confundirem, não produzirão fruto criativo. Por isso tenho experimentado lançar a Bíblia (uma biblioteca) num quarto onde há outras bibliotecas e ver que rearranjos isto dá, que nova Bíblia, para mim, leitor, daí sairá. Esta nova biblioteca é composta por livros de agora e de outros passados, por imagens, por imagens em movimento (com som e com texto). Alguns falam da Bíblia, outros poderiam. Alguma teoria entra neste jogo de rearranjo de biblioteca. Mas como não citei explicitamente nenhum livro, também, por hora, não mencionarei seus autores. O fato é que nesta busca corro atrás de sentido, de beleza, de "arrepio do sentido". Mas também corro atrás de comunidade, sociedade, pois textos estão aí para o deciframento de todos, não de grupos dominicais e profissionais. Estar neste blog com meus amigos Júlio e João Leonel é expressão do desejo de lançar a Bíblia nas margens, no mundo.

Um comentário:

  1. Paulo,

    Muito interessante a tua proposta. Ela me fez lembrar que em meu percurso como leitor/intérprete eu tenho trilhado por um percurso que priorizou inicialmente o autor, procurando entender, através do texto, a sua mente. Em seguida, surgiu o texto como elemento prioritário, que determina leituras e orienta leitores. Por fim, me encontro em um percurso onde me pergunto sobre práticas de leituras, nas quais os leitores ocupam o centro, em diálogos às vezes nada amistosos com os textos.
    Obviamente, como você disse, somos constituídos das leituras feitas, mesmo por aquelas que hoje negamos. Desse modo, o processo se instaura e nos desafia.

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