Como tem acontecido em nosso país no decorrer dos anos, após o período de natal e final de ano surgem as chuvas e as tragédias.
Há inúmeros ângulos pelos quais os sofrimentos decorrentes de desmoronamentos, enchentes, destruições e mortes podem ser avaliados. Repetindo o que muitos afirmam a tempos, as instâncias governamentais em vários níveis possuem responsabilidades, assim como as populações que ocupam áreas de risco.
No entanto, o que me incomoda neste momento é pensar sobre a participação cristã em momentos como esses. E pensá-la a partir da proximidade desses acontecimentos com o natal.
A vinda do Filho de Deus ao nosso mundo, encarnado, além da ação divina, envolveu e moveu muitas pessoas. José e Maria, que aceitaram recebê-lo e o acolheram com amor, carinho e proteção, mesmo sob pesados riscos; as variadas pessoas, fossem judeus ou gentios, que o reconheceram como o salvador e o adoraram; aqueles que, mesmo ocultos na história, participaram de seu desenvolvimento desde a infância até a idade adulta; e os discípulos, mesmo ignorantes em muitas questões a respeito do reino de Deus, se constituíram em um grupo de amizade e companheirismo.
De um ponto de vista humano, a partir de sua acolhida e recepção, Jesus respondeu com amor, graça, ensino e ações concretas. De certo modo, houve uma relação de recepção e doação entre Jesus e a humanidade. Podemos pensar que tudo que fez, o fez como decorrência da missão recebida, mas também como evidência e prova de que amava as pessoas, gostava de estar com elas e, mais, era reconhecido por tudo quanto recebeu delas.
É nesse contexto que penso o nosso papel no mundo em momentos de sofrimento. Como Jesus, fomos recebidos por uma família, convivemos com pessoas que nos amaram e amam, fomos cuidados, ensinados e encaminhados na vida. Mais do que isso, o próprio planeta onde vivemos proveu o ambiente necessário para que pudéssemos nos desenvolver.
Como Jesus, penso que temos uma dívida de gratidão para com a humanidade e o universo. E que o amor cristão é, acima de tudo, o reconhecimento de que Jesus Cristo foi sensível o suficiente para se irmanar com aqueles que estavam próximos dele, se alegrando ou chorando com eles. E que esse quadro é um modelo que deve ser assumido por nós, principalmente quando nossos semelhantes sofrem e necessitam de apoio e ações efetivas.
Tenho certeza que muitas comunidades cristãs estão se mobilizando para ajudar aqueles que estão sofrendo em decorrência das chuvas e enchentes. Igrejas devem estar abertas para receber pessoas que perderam bens e teto. Alimentos devem estar sendo disponiblizados para aqueles que não os têm. Roupas esquecidas em armários estão sendo enviadas àqueles que delas precisam para se vestir.
E isso tudo apenas como reconhecimento de que a humanidade tem sido generosa conosco, que a terra onde habitamos tem nos recebido bondosamente. E que a ação cristã nesse momento é uma grande oportunidade para demonstrar a relevância de nossa fé.
quinta-feira, 13 de janeiro de 2011
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