Seguindo as discussões a respeito de justo/justiça em Romanos, apresento considerações a respeito de Romanos 4 e a presença de Abraão nele.
Os capítuolos 1.18 até o final do 3 são utilizados por Paulo para mostrar a situação do ser humano sob pecado, e nesse caso é uma discussão que não gira em torno de questões teóricas, mas concretas. Para o argumento de Paulo, o importante é mostrar que todos são pecadores por praticarem atos pecaminosos.
Dessa forma, em Romanos 3.11 Paulo afirma: "não há justo, nenhum sequer". Mas agora a justiça de Deus se manifesta em Jesus Cristo para todos os que crêem (3.21-22), e o ser humano pode tornar-se justo a partir da graça divina.
Então surge o capítulo 4. Nele, Abraão é apresentado como exemplo de justo. E isso é feito a partir de uma perspectiva prática. Se os seres humanos se afastam de Deus por seus atos, Abraão, respondendo ao chamado divino, constroe uma relação igualmente a partir de uma vida prática.
Abraão creu, e isso lhe foi imputado para justiça (4.3). O contexto concreto de exercício de fé foi a fé de que poderia gerar um filho na velhice (4.17-22). Ele recebe a circuncisão como sinal da justiça que vem dessa fé (4.11). E, por isso, ele se torna o pai de todos os incircuncisos que crêem em Cristo (4.12).
Abraão é tomado como exemplo de modo estratégico. Além de demonstrar que a justiça se evidencia em uma vida justa, de forma prática, o patriarca também revela que isso chegou a ele quando ainda incircunciso e antes da lei, de modo a desarticular os argumentos que afirmavam que a Lei trazia justiça ao judeu, e também para mostrar que é necessário outro caminho, o da fé.
O capítulo 4 é essencial para a argumentação do apóstolo e para o desenvolvimento do capítulo 5.
quarta-feira, 2 de junho de 2010
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