quinta-feira, 29 de abril de 2010

A questão é de relacionamento!

Nós nos relacionamos com uma pessoa, não com um livro!

A frase pode parecer provocativa, mas não é. Até por que há uma noção histórica em jogo. O contato com a divindade sempre é mediada. Inicialmente rituais e sacrifícios. Posteriormente, com a escrita, os ritos passaram para paredes, tábuas de barro, papiros, pergaminhos, papel, tela de computador. Mas vejam, falo de "mediação".

Nós, cristãos, provenientes de uma tradição judaica, devemos entender isso. Antes que houvesse Escritura, Deus relacionava-se com Adão, Eva, Abraão etc. Antes que houvesse Novo Testamento, Deus relacionava-se, em Cristo, com os apóstolos, Paulo, Tiago etc.

Minimizo as Escrituras? De forma nenhuma! Mas entendo que elas fazem a mediação entre eu e Deus em Cristo, entre a comunidade da fé e a Trindade. A Bíblia é preciosa para nós. "Luz para o caminho", como ela própria afirma. Mas é uma luz, em um caminho, que conduz para alguém, para o Deus revelado em Jesus. Não devemos nos satisfazer com o caminho, nem com a luz.

Afinal, todos conhecemos pessoas que, apesar de lerem a Bíblia e a idolatrarem, são maus cristãos, pessoas de quem, tristemente, devemos dizer que, ou conhecem pouco a Deus, ou simplesmente não o conhecem.

Testemunho. Boa palavra para indicar o tipo de abordagem que temos da Bíblia. Se alguém acha melhor falar de "regra de fé e prática", apesar das inconveniências já apresentadas por Paulo e Júlio, tudo bem, que usem tal expressão. Mas, o que eu acho mais importante, submetam a fé e a prática à relação com Deus em Cristo. Senão, correremos o risco de ouvirmos, como os religiosos dos tempos de Jesus, que sabiam de cor os textos da Lei, a frase: "Eles erram por não conhecerem as Escrituras e nem o poder de Deus" (Mt 22.29). Não é possível conhecer as Escrituras sem conhecer o poder (sem ter relacionamento) com Deus.

5 comentários:

  1. Olá Professor Leonel,

    achei interessante a maneira como trata a Escritura enquanto "uma" luz, pois há muitas outras. No entanto, ao ler teu post me veio algumas questões: como e onde encontro as medidas para traçar quem conhece pouco ou nada de Deus? Na Bíblia? Na aceitação ou não dos programas judaicos ou Cristãos? E para os que já tratam esses programas, bem presentes nas linhas sagradas, como falidos e desnecessários, não haveria para eles alhures ou outras mediações para encontrarem-se com deus/Deus?

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  2. Kenner,

    Obrigado pela contribuição.

    Vou ser muito básico no diálogo contigo.
    Como distinguir quem conhece ou não a Deus? Pelo "testemunho" da própria Escritura: quem não ama não conhece a Deus. Ou, como Jesus diz, vivenciando o primeiro mandamento: amar a Deus acima de tudo, e o segundo: amar ao próximo como a nós mesmos.

    Ou seja, não há segredo. A Bíblia nos conduz para um relacionamento com Deus que deve, como consequência, fazer-nos amar cada vez mais a ele e ao próximo.

    E, devemos nos lembrar, a Bíblia é extremamente crítica dos "religiosos". Possivelmente pelas inversões que temos distido no blog.

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  3. Olá Leonel!

    Conheço-o pelos artigos e teses sobre Mateus, pois minha dissertação na Metodista é também sobre este evangelho. Agora, vejo-o sob novo ângulo, e noto que tens muito a contribuir conosco não só em nossas carreiras acadêmicas, mas também em nossa vida de fé.

    Parabéns pelo blog. Quando puder, visite o meu, que aliás, se parece bastante: www.compartilhandonoblogspot.com

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  4. Anderson,

    Obrigado pela participação.

    É um prazer conhecê-lo "virtualmente". Quem sabe no encontro da ABIB em setembro na Metodista a gente conversa um pouco?

    Tentei acessar teu blog mas não consegui. Talvez algo errado no link.

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  5. Verdade Leonel, digitei o endereço errado. Desculpe.

    www.compartilhandonoblog.blogspot.com

    Obrigado pela atenção. Nos conheceremos na Abib sim, se Deus quiser.

    Gostaria de ler mais trabalhos seus sobre Mateus, estou preparando um projeto de doutorado. Se houver, envie-me por favor: aol10@ibest.com.br

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