Estou abismado com o imenso volume de comentários aos posts sobre Eclesiastes. Nenhum! Zero" Nadinha de nada! Um publicitário provavelmente diria que errei na escolha do texto - "não pegou". Como não sou publicitário, estou imaginando que acertei em cheio! Muita vez o silêncio é mais eloquente do que a fala. Pois é Leonel, não são só as Confissões que se esquecem de Eclesiastes. Os crentes também! Estou nas igrejas evangélicas há 36 anos e quer saber, não me lembro de ter ouvido nenhum sermão sobre Eclesiastes. De pastores no Brasil, só o livro recente do Ed Kivitz trata do Qohelet - e o título do livro é sugestivo: "o livro mais mal-humorado da Bíblia".
Já li alguns trechos do livro do Ed. Estou gostando. Mas não gosto do título. Eu sei que o título tem de atrair compradores. Como alguém vai comprar um livro sobre Eclesiastes sem um grande chamariz? Fala aí Ed, não estou criticando seu texto não!
Jantei com o Ed e alguns outros colegas em João Pessoa um dia destes. Por coincidência providente, eu estava lecionando lá e o Ed passou por lá para lançar o livro. Ganhei um exemplar e confessei ao Ed que eu estou escrevendo também um livro sobre Eclesiastes. "Escrevendo" é otimismo. Estou estudando, não tenho nenhuma palavra escrita, a não ser as que estão aqui no blog, e nem sei se vou usá-las no livro. Mas acho que já tenho o título: "Uma deliciosa brincadeira". Pode até ser que Eclesiastes seja o livro mais mal-humorado da Bíblia. Isto porém não impede que ele também seja uma deliciosa brincadeira.
O Qohelet é um grande brincalhão - brinca de ser rei, mas não passa de um João Ninguém (com todo respeito aos Joões); brinca de ser pessimista, mas é um cara cheio de esperança; brinca de ser mal-humorado, mas é um cara de bem com a vida. O texto do capítulo 7 me sugere isso, além do resto do livro. Um cara que sabe que é justo, sábio, pecador e néscio, tudo ao mesmo tempo, e não se apavora com sua própria burrice e pecaminosidade, nem se exalta com sua sabedoria e justiça, tem de ser alguém de bem com a vida, de bem com Deus.
Mas tenho uma imensa dúvida, cruel e agonizante dúvida: será que ele seria um cara de bem com nosso Protestantismo?
quinta-feira, 20 de maio de 2010
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