Esta postagem é motivada por um interessante comentário ao post "beabá" feito por meu amigo Esdras Costas Bentho, um teólogo pentecostal da nova geração de teólogos assembleianos que certamente irá fazer excelentes contribuições ao campo teológico brasileiro. Caro Esdras, obrigado pela sua participação aqui neste blog-triádico-exegético-hermenêutico. Permita-me discordar de sua avaliação inicial do conceito de eisegese em Croatto e indicar porque o faço.
(1) A escolha do termo eisegesepor Croatto é polêmica e dirigida especificamente contra o positivismo historicista da exegese histórico-crítica. Seguindo as propostas de Gadamer e Ricoeur, Croatto entende o processo de interpretação como um processo de permanente co-construção e reconstrução do texto interpretado - e não, como na exegese "positivista", como a descoberta do sentido original aprisionado no texto. O sentido de um texto se dá no diálogo constante entre o texto e seus leitores e leitoras, em distintas e conflitantes "fusões de horizontes".
(2) Croatto procura, a partir daí, revisar a questão da historicidade do texto. A historicidade do texto não se encontra na relação supostametne imediata entre o que se diz e o que aconteceu (de modo que um texto ou conta a verdade factual, ou é historicamente falso). Os textos, segundo Croatto, se vinculam interpretativamente a situações históricas que consideram "fundantes", assim como as leituras dos textos também se vinculam a novas situações "fundantes". Histórico, então, não é uma questão do vínculo entre o narrado e o acontecido, mas uma questão do vínculo entre o evento interpretado e o futuro que ele se propõe a gestar - algo que se dá não só na escrita, mas também nas múltiplas leituras de um texto.
Deveria escrever mais, mas o tempo de um trabalhador assalariado ...
terça-feira, 20 de abril de 2010
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Prezados professores Júlio o Paulo,
ResponderExcluirConcordo que a exegese precisa levar em consideração a fluidez da relação texto-leitor/a. E ainda, sublinho o que disse: O sentido de um texto se dá no diálogo constante entre o texto e seus leitores e leitoras, em distintas e conflitantes "fusões de horizontes". No entanto, isso me cala quando a liderança da denominação onde estou torna a bíblia um espelho da sua história de legalismo. O método histórico-crítico nessa ocasião me é valiosíssimo, pois posso desqualificar essa fusão no processo da leitura para dizer que não era o sentido original do texto ou afirmar que não é histórica... Um assembleiano lê o texto de I Co 11 e obriga as mulheres de sua comunidade não cortarem o cabelo... Até onde são válidas as leituras?
abraços